O afundamento do batelão
'São Martinho' causou a morte de 100 Militares Portugueses
Excertos dos relatórios:
«A coluna era constituída por trinta viaturas
Unimog. Nela estavam integrados 1 oficial, 1 segundo sargento, 11 furriéis, dos
quais 10 constam ainda como 1ºs Cabos milicianos ... e 137 praças. ...»
«A coluna chegou a localidade de CHUPANGA
(margem sul do Zambeze) em 15Jun69 e ali se demorou, por virtude de falta de
disponibilidade de meios de transposição, até ao dia 21Jun69. ...»
«... o proprietário do batelão assegurou
àquele comandante que o batelão tinha condições para transportar toda a coluna
de uma só vez o que foi corroborado por vários camionistas civis presentes na
ocasião e ...»
«... resolveu aceitar a sugestão do
proprietário do batelão e fazer o embarque da coluna duma só vez, o que teve
lugar cerca das 211600JUN69 [16H00 do dia 21Jun1969]. A saída do batelão
verificou-se cerca das 211630JUN69 [16H30 do dia 21Jun1969].»
«... há cerca de 2 meses, o Sr. Capitão do
Porto do CHINDE verificou que o proprietário ... introduziu alterações num
batelão já existente ... ... para lhe aumentar a capacidade. ... advertiu-o de
que não poderia fazer aquelas alterações sem as submeter à aprovação ... e
muito menos pôr ao serviço o batelão transformado. ... »
«O motor do lado direito parou por duas vezes.
A almadia do mesmo lado, batida por forte ondulação, começou a meter água, que
entrava também pela junta da soldadura incompleta ...»
«... o batelão adernou sobre a direita.»
«Nenhuma. Pelo contrário, colaboraram [os
militares] na tentativa de esvaziamento da almadia alagada e mantiveram-se na
melhor ordem.»
«O afundamento deu-se por volta de 211700JUN69
[17H00 do dia 21Jun1969]»
«Tomando consciência do perigo imediato, o
comandante da coluna procurou evitar o pânico ...»
«Uns lançaram-se à água nadando; outros
agarrados a malas, sacos, tábuas etc; alguns ajudados por camaradas; a maior
parte, porém, foi tragada pelas águas, conjuntamente com as viaturas. ...»
«... uns tantos chegaram a uma ilha onde
pescadores nativos - família CAMPIRA - não só os receberam e agasalharam, como
passaram algumas horas a recolher ... os que tinham ficado sobre as capotas ou
já seguiam rio abaixo. Esta família foi ao extremo de desmanchar uma palhota
para obter lenha com que aquecesse os recolhidos.
A tripulação não teve
qualquer reacção especial.
Procurou pôr-se a salvo,
tendo sido vistos, o proprietário e o mecânico (ambos europeus), afastando-se
do local, nadando vigorosamente.»
«... de notar a colaboração
dos 4 irmãos Campira na procura, recolha e agasalho dos sobreviventes,
imediatamente após o acidente ...»
«Da população
De toda a população,
europeia e autóctones foram recebidas provas de solidariedade e colaboração na
vigilância do Rio no sentido de detectar corpos e na sua recolha e transporte
para MOPEIA: em áreas afastadas do local do acidente - até 70 km para jusante.
De realçar:
- a actuação já referida
dos 4 irmãos CAMPIRA, ao salvarem grande número de vítimas, ao trazerem a
notícia do acidente a MOPEIA e na pesquisa de corpos no Rio.
- a actuação do professor
da Escola de MANHUDO, RAUL MANUEL GENTES NHUMPENZA, que com os seus alunos se
manteve em vigia da margem esquerda do ZAMBEZE por vários dias, e recolheram
grande número de corpos.
Distinguiram-se mais, os
seguintes alunos:
- ZECA MANUEL - 11 anos
- ERNESTO GINO - 13 anos
- JOSÉ CHARE - 10 anos
- JOÃO FRANCISCO - 11 anos
- a actuação do autóctone
ALBERTO JERÓNIMO, tripulante do batelão afundado que, tendo chegado a salvo a
uma ilha, se arriscou a atravessar para a margem S para levar a CHUPANGA e a
LACERDÓNIA (Sede do PAdm) a notícia do acidente.»
Fonte:aqui
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