segunda-feira, 28 de junho de 2010

Aos meus irmãos

Não chorem irmãos
O tempo de ontem já sepultamos
E o amanhã está distante da vida
A nossa realidade é este instante
Presente que todos consideram passageiro
O destino final
O futuro que todos cantam
Essa melodia de abismo que ninguém apalpa
Meus irmãos
Sei que é doloroso
Mas doloroso é o tempo que vivemos
E passo a passo sepultamos a distância do passado
Onde corações vivos sentem saudades desse distante
Na temosia de sermos filhos do passado
Um passado descalso
Cheio de rasgamantas
No cotovelo do rosto
Que contempla o brilho da nossa ausência
Sei ainda que é doloroso, meus irmãos
Mas talvez a modernidade a obrigue
Que cada um seja um
E cada dois sejão dois
Neste rosto de África
Onde todos somos família
Nos campos da miséria e da nudez
Do analfabetismo e de ignorância
De hipocrisias e de hipnotismos
Da corrupçaõ e de riquezas
Da pobreza e de humilhação
E não esqueçam que o passado é dos outros
O presente, o nosso
E o futuro, dos que a esperam
Mas tanto o passado
Quanto o presente e o futuro
É a bagagem que todos temos que sustentar, irmãos!
No passado sustentamos progenitores
No presente, a nós mesmos e as sombras do passado
E no futuro? vaidades que todos não conhecemos
Pois só o presente
É o espelho real da nossa vida
Que se transmuta em caminhos doces ou azedos
Texto de Joaquim Chao

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