terça-feira, 28 de outubro de 2014

Na travessia do baixo Zambeze entre Chupanga e Mopeia, incidente com Maiores Baixas do Exército Português - 21Jun1969

O afundamento do batelão 'São Martinho' causou a morte de 100 Militares Portugueses

Excertos dos relatórios:
 «A coluna era constituída por trinta viaturas Unimog. Nela estavam integrados 1 oficial, 1 segundo sargento, 11 furriéis, dos quais 10 constam ainda como 1ºs Cabos milicianos ... e 137 praças. ...»
 «A coluna chegou a localidade de CHUPANGA (margem sul do Zambeze) em 15Jun69 e ali se demorou, por virtude de falta de disponibilidade de meios de transposição, até ao dia 21Jun69. ...»
 «... o proprietário do batelão assegurou àquele comandante que o batelão tinha condições para transportar toda a coluna de uma só vez o que foi corroborado por vários camionistas civis presentes na ocasião e ...»

 «... resolveu aceitar a sugestão do proprietário do batelão e fazer o embarque da coluna duma só vez, o que teve lugar cerca das 211600JUN69 [16H00 do dia 21Jun1969]. A saída do batelão verificou-se cerca das 211630JUN69 [16H30 do dia 21Jun1969].»
 «... há cerca de 2 meses, o Sr. Capitão do Porto do CHINDE verificou que o proprietário ... introduziu alterações num batelão já existente ... ... para lhe aumentar a capacidade. ... advertiu-o de que não poderia fazer aquelas alterações sem as submeter à aprovação ... e muito menos pôr ao serviço o batelão transformado. ... »
 «O motor do lado direito parou por duas vezes. A almadia do mesmo lado, batida por forte ondulação, começou a meter água, que entrava também pela junta da soldadura incompleta ...»
 «... o batelão adernou sobre a direita.»

 «Nenhuma. Pelo contrário, colaboraram [os militares] na tentativa de esvaziamento da almadia alagada e mantiveram-se na melhor ordem.»
 «O afundamento deu-se por volta de 211700JUN69 [17H00 do dia 21Jun1969]»
 «Tomando consciência do perigo imediato, o comandante da coluna procurou evitar o pânico ...»
 «Uns lançaram-se à água nadando; outros agarrados a malas, sacos, tábuas etc; alguns ajudados por camaradas; a maior parte, porém, foi tragada pelas águas, conjuntamente com as viaturas. ...»

 «... uns tantos chegaram a uma ilha onde pescadores nativos - família CAMPIRA - não só os receberam e agasalharam, como passaram algumas horas a recolher ... os que tinham ficado sobre as capotas ou já seguiam rio abaixo. Esta família foi ao extremo de desmanchar uma palhota para obter lenha com que aquecesse os recolhidos.
A tripulação não teve qualquer reacção especial.
Procurou pôr-se a salvo, tendo sido vistos, o proprietário e o mecânico (ambos europeus), afastando-se do local, nadando vigorosamente.»

«... de notar a colaboração dos 4 irmãos Campira na procura, recolha e agasalho dos sobreviventes, imediatamente após o acidente ...»
«Da população

De toda a população, europeia e autóctones foram recebidas provas de solidariedade e colaboração na vigilância do Rio no sentido de detectar corpos e na sua recolha e transporte para MOPEIA: em áreas afastadas do local do acidente - até 70 km para jusante.

De realçar:
- a actuação já referida dos 4 irmãos CAMPIRA, ao salvarem grande número de vítimas, ao trazerem a notícia do acidente a MOPEIA e na pesquisa de corpos no Rio.
- a actuação do professor da Escola de MANHUDO, RAUL MANUEL GENTES NHUMPENZA, que com os seus alunos se manteve em vigia da margem esquerda do ZAMBEZE por vários dias, e recolheram grande número de corpos.
Distinguiram-se mais, os seguintes alunos:
- ZECA MANUEL - 11 anos
- ERNESTO GINO - 13 anos
- JOSÉ CHARE - 10 anos
- JOÃO FRANCISCO - 11 anos

- a actuação do autóctone ALBERTO JERÓNIMO, tripulante do batelão afundado que, tendo chegado a salvo a uma ilha, se arriscou a atravessar para a margem S para levar a CHUPANGA e a LACERDÓNIA (Sede do PAdm) a notícia do acidente.»

Fonte:aqui

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