sábado, 29 de outubro de 2011

Funcionários acusam administrador do Chinde

FUNCIONÁRIOS do Estado no distrito de Chinde, na Zambézia, estão agastados com o comportamento nada abonatório do seu administrador distrital, José Saize. Acusam-no de ser tribalista e de privilegiar relações étnicas no ambiente de trabalho. Pesam também acusações de arrogância, prepotência e gestão danosa, entre outras práticas que consideram-nas como factores que não contribuem para o desenvolvimento do distrito e tolhem o sonho da unidade nacional.

Maputo, Sexta-Feira, 28 de Outubro de 2011:: Notícias

Estas e outras acusações foram proferidas, há dias, na vila-sede distrital de Chinde, na Zambézia, durante um encontro em que o governador provincial, Francisco Itae Meque, manteve com os funcionários do Estado para auscultação dos principais problemas dos servidores públicos. Os mesmos despiram do medo e falaram as coisas com os seus próprios nomes, facto que irritou muito ao governador da Zambézia, que disse que nunca tinha imaginado que iria ouvir tanta fúria dos funcionários, por causa do clima de desinteligência instalado.

José Saize é, igualmente, acusado de não dar palavra aos funcionários nas reuniões. Muitas vezes, conforme referiram, ameaça e humilha os funcionários publicamente, com um tom de arrogância, ao mesmo tempo que acusaram a esposa do administrador de interferir na gestão dos assuntos internos da administração.

As acusações a José Saize surgem numa altura em que dirigentes a vários níveis, incluindo o Presidente da República, Armando Guebuza, têm destacado a necessidade de consolidação da unidade nacional e construção da auto-estima e moçambicanidade. Aliás, o próprio governador da Zambézia, tem frequentemente colocado, nos seus discursos, um assento tónico de que não há moçambicanos mais importantes que outros, mas que o grande desafio é cada um fazer a sua parte para o combate à pobreza absoluta.

Benjamin Pedro, funcionário da administração local, afirmou que, vezes sem conta, José Saize proferiu aos servidores públicos expressões feias que põem em causa a unidade nacional, como, por exemplo, “os zambezianos não prestam para nada. Para este funcionário, no Chinde, só é bom o funcionário quando é natural de Tete, terra natal do actual administrador, de tal forma que, em todo o distrito, ele confia apenas em duas pessoas, nomeadamente, o seu sobrinho que é Chefe do seu Gabinete e o director dos Serviços Distritais da Juventude Ciência e Tecnologia, ambos conterrâneos.

Um outro funcionário que trabalhava na administração local foi, por ordens de José Saize, transferido para prestar trabalho doméstico na residência oficial do administrador. Nessa altura, o funcionário estava doente e precisava de ser tratado, mas não lhe foi dada essa oportunidade senão trabalhos domésticos.

A esposa do administrador do Chinde é funcionária dos Serviços Distritais do Planeamento e Infra-Estruturas, mas é ela que gere os fundos do Centro de Saúde local. Levanta o dinheiro e faz as compras e não traz justificativos. Tudo isto acontece perante um olhar cúmplice do director distrital da Saúde, Mulher e Acção Social, conforme denunciaram na circunstância.

Referiram que, quando o Secretário do Comité distrital de Chinde lhe chama atenção sobre essas e outras práticas, a resposta não tarda: “não me incomode, você fez a décima classe ontem”.

O governador da Zambézia não gostou do que ouviu. Itae Meque não deu tempo para José Saize justificar-se prometendo, no entanto, enviar, em breve, uma equipa multissectorial para investigar as acusações.

  • JOCAS ACHAR

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